“(…)Um desses outros percalços foi novamente causado não por uma atitude minha, mas sim, pagando pela conduta de terceiros. Neste caso em específico, refiro-me ao episódio de abandono que sofri de meu pai antes de completar 10 anos de idade (mesmo que antes disso já tivesse pouquíssimo contato com ele).
Sabe aquela colocação de que algumas coisas acontecem hoje para lá na frente acarretarem em outras? Então, foi exatamente o que houve.
O único sentimento paterno que sempre tive aceso por muitos anos foi o de experimentar o lado de lá, o lado de ser pai, já que nunca tive a chance de entender ou explorar sobre o lado de cá, o lado de ser filho.
O espírito de pai se aflorou mais na fase adulta e passei a sentir falta de uma “cria” para dar conta. Foi aí que comecei a enxergar uma necessidade latente nessa questão mal resolvida em minha vida: a paternidade.
Quando crescidinho entendi o verdadeiro sentido da palavra ‘pai’ em sua essência e no conceito real do dicionário.
Mesmo que involuntário, a atitude do meu pai em não prosseguir com a minha criação auxiliou para minha formação de valores do bem. E o maior legado que me deixou foi exatamente essa vontade de ter um filho ou uma filha para fazer tudo diferente, doando todo amor que tenho entalado na garganta e que transborda o peito há anos.
É complicado dizer, mas será que se eu tivesse tido um pai presente e que me desse tudo nas mãos a vida toda, eu teria me tornado o pai que sou hoje? Será que eu daria esse valor todo à minha paternidade? Creio que não.
Vejo que é a tradução do que dissemos lá atrás se concretizando, ou seja, uma atitude passada que teve reflexo no futuro e, apesar de não entendermos o porquê de certas coisas acontecerem em nossas vidas, o próprio tempo trata de desvendar os mistérios que ficaram no caminho.
Precisei não ter a figura paterna presente para me tornar um bom pai.(…)”
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– Trecho do livro ‘Diamante no acrílico: entre a vida e o melhor dela’ – (Guifer, Fernando)
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