Primeiro: seu filho nasceu com o “HD” zerado. Sem ódios, raivas, preconceitos ou traumas, prontinho para que muito amor seja “instalado” nele, e com isso se torne um ser humano fantástico para si, para o mundo e para vocês, pais, na velhice;
Segundo: sabe quem é o maior (se não o único) prejudicado numa briga informal ou judicial entre pai e mãe, não apenas para ver quem tem mais direitos na criação do filho, mas também por dinheiro ou qualquer coisa que seja?
Resposta (óbvia): o próprio filho.
Portanto, sejam maduros e conscientes. Provem a si mesmos que são capazes de encerrar uma relação de forma digna, grandiosa, batendo a poeira e dando a volta por cima sem afetar emocionalmente quem não tem nada a ver com o término da relação e sua respectiva causa.
Não trate o filho como um produto e não pratique um ‘estica-e-puxa’ com esse pequeno ser que nem pediu para estar no mundo, mas que tem uma vida toda pela frente e precisa de vocês dois para se tornar um alguém saudável, corajoso, inteligente, independente, respeitador, tolerante e do bem.
Qualquer batalha ‘homem VS mulher’ deve ficar apenas entre os dois, que, aliás, precisam ‘se virar’ para superar os obstáculos – não somente pelo resgate ao amor próprio, mas também em respeito a maior herança que esse relacionamento amoroso produziu.
A criança não tem nada a ver com os problemas particulares dos pais e precisa de blindagem durante discussões ou possíveis (e lamentáveis) agressões, sendo, inclusive, estimulada por um a amar e respeitar o outro – e vice-versa -, principalmente quando o outro não estiver.
Só quem já cresceu num ambiente conturbado entre os pais sabe o impacto negativo que isso pode trazer num futuro em médio-longo prazo à criança, tanto em sua saúde física quanto mental, emocional, autoestima, medos, crises, traumas, etc.
Então, se vocês pensam no bem-estar dos filhos que deixarão aqui depois de partirem… parem de se expor na frente da criança e larguem mão dessa coisa de usá-la para se beneficiar com algo.
Reforço: o maior prejudicado com a ausência do pai ou da mãe será sempre o filho.
E me refiro aos dois, tanto pai quanto mãe. Nenhum filho é completo somente convivendo com a mãe, e nenhum filho é completo convivendo somente com o pai. São amores que, embora distintos, dispõem de intensidade similares. Ambos são parte crucial da felicidade da criança no presente e no futuro.
Portanto, se sua separação não tem volta e se você ama muito seu filho, plante no coração dele o quanto ele é amado por vocês dois e o quão legal é ter duas casas, duas famílias, enfim… mostrando sempre o copo mais cheio e o lado positivo das coisas.
Utilize a separação conjugal em favor da criação de seu filho, para que ele perceba que tem amor em dobro.
Não permita que seu filho seja o centro de um ambiente cuja intolerância é ao quadrado, em que no final de semana ouve discursos de ódio de um pro outro, e durante a semana se depara com discursos de ódio do outro pro um.
Seu filho não existe para ser objeto de chantagem, de barganha ou permuta.
Não desperdice o maior amor do mundo com bobagens.
Priorize sempre a felicidade de seu filho.
Prefira sempre seu choro ao dele.
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Ilustração: Lumi Mae