Aluno, querido: quem descobriu o Brasil?
– Pedro Álvares Cabral, professor.
– Perfeito. Tirou 10!
Certamente foi essa história da carochinha que lhe enfiaram goela abaixo desde os primeiros dias letivos de sua vida, para criar, em sua cabeça, um imaginário composto pelo seguinte cenário:
“Aqui era uma ilha gigantesca, vazia, totalmente inabitada por humanos, quando, lá longe, no oceano, surgiu uma linda caravela portuguesa – capitaneada por um mocinho chamado Pedro Álvares Cabral – que, muito com seu bom coração, chegou e “descobriu” a existência dessa tal ilha, ainda abandonada, que no futuro viria se chamar Brasil. Fim.”
Afinal de contas, o objetivo da escola é fazer o aluno pensar e questionar, ou somente a reproduzir e engolir “verdades” que foram pré-estabelecidas no passado – de acordo com interesses pessoais de alguém ou alguns à época?
Em qual momento de sua vida escolar alguém lhe disse que o Brasil já existia, que era habitado e preservado por civilizações indígenas, e que lá, em 1.500d.c, uma caravela de portugueses – capitaneada por um explorador Pedro Álvares Cabral – chegou, invadiu, saqueou isso tudo na mão grande e deu início a uma história manchada por explorações e escravidão?
Embora a primeira versão do descobrimento deste país seja uma falácia deslavada, por qual motivo permitimos e endossamos que continuem ensinando aos nossos filhos esse lamentável “conto de fadas” em torno de algo tão importante, que é nossa real origem?
Não é absurdo pensar que a primeira grande fake news da história do Brasil seja justamente o que nos vendem sobre seu descobrimento?
Numa reflexão mais ampla, seria, a história conforme a conhecemos pelos livros “didáticos”, um verdadeiro antro de fake news?
O que figura nas páginas de não-ficção das instituições de ensino, é o que de fato existiu, ou parte (importante) de nossos antepassados nos são apresentados como sendo fatos consumados e invioláveis por soarem conveniente à classe dominante?
A manipulação não é nova, meus amigos. Tampouco chegou com a revolução tecnológica.
A classe dominante tem dimensão sobre a poderosa proporção que uma pessoa ganha quando aprende interpretar, tirar conclusões próprias sobre algo ou alguém e, por fim, questionar o senso comum e o status quo.
Alguns poucos escreveram os livros de história que hoje nos norteiam e, obviamente, cada um baseado na ótica e interpretação que lhe convinha à época – já visando uma manipulação futura para que os pobres, periféricos e menos favorecidos “não causassem problemas”.
Onde houver a mão humana, não haverá coincidência ou, menos ainda, inocência.
Será que o professor acredita mesmo nesse 10 que acabou de dar lá nas primeiras linhas?
O básico é:
Não sabe? Pergunte.
Já sabe? Questione!
Jamais acredite no que lhe disserem sem antes pesquisar e refletir muito a respeito. Não seja o cabresto, seja a rédea.
“A narrativa vinda do colonizador, tingiu de branco nossa história” (Dead Fish)
[ 22 de abril | Dia do “Descobrimento do Brasil” ]