Ariclenes Venâncio Martins (Lima Duarte) é gigante. Poderia até dizer que merecia tornar-se imortal. Mas já o é. Não por acaso, tornou-se.
Sua obra, sua luta pelo ressoar da arte e, enfim, sua inquieta e necessária “petulância”, mesmo em tempos sombrios, assim o fizeram. Por isso, nos falta Lima´s e nos sobra Messias.
A homenagem de Lima ao amigo Flávio Migliaccio neste vídeo é profunda, necessária, agridoce, enche os olhos, aperta o peito e nos faz parar alguns minutos para uma leitura a sós de tudo o que estamos vivendo, fomentando e contribuindo (ou não).
Como ficar inerte ao olhar exausto de quem, mesmo depois de tanta luta, aparenta a sensação de estar só e sem perspectiva de que os mais jovens estejam comprometidos com o que de fato importa? De quem, com a voz trêmula, teme pelos que ficarão? De quem chora a dor da perda de um grande amigo da arte e das batalhas pela democracia?
Não é aceitável que continuemos “dando errado”, conforme apontou sabiamente Migliaccio em sua carta de despedida. O tapa que Lima Duarte desfere em nosso rosto neste vídeo é a prova de que precisamos fazer mais.
“(…)Agora, quando sentimos o hálito putrefato de 64, o bafio terrível de 68… Agora, 56 anos depois…”
Não importa o quão grandioso possa ser o que temos feito pelo progresso do nosso povo, é pouco. Não podemos abrir mão da liberdade. Não devemos ceder ao retrocesso. Não pode haver quem nos cale.
Parafraseando Bertolt Brecht, Lima encerra o depoimento dizendo:
“Os que lavam as mãos o fazem numa bacia de sangue”.
Caro Lima, se tiver se sujar as mãos, será lutando. Por você, por Migliaccio, por nós, nossos idosos e nossos netos.
Você ecoou, mestre Ariclenes. A mensagem chegou.