“Guifer… pq você não consegue aumentar seu número de seguidores, crescer as páginas no Face e Insta e tornar sua presença digital mais atrativa?”
Creio que o problema esteja exatamente no termo ‘presença digital’, sabe? Hoje, a palavra ‘presença’ me remete integralmente à paternidade, à Laís, e não a Facebook/Instagram/TikTok/Twitter, etc.
Tenho encarado como desperdício qualquer tempo escrevendo, produzindo ou criando conteúdo. Concordo que pode haver radicalismo nisso, mas não nasci pra ser pai de selfie, saca? Nem é justo. Se eu não tivesse filha, ok; mas sendo pai, as prioridades precisam mudar. Senso de responsa, entende? Cada escolha uma renúncia, isso é a vida (e que bom).
Quero estar com ela, sentir o cheiro, abraçar, dar meu colo, orientar, colocar pra dormir, dar banho, ensiná-la andar de bicicleta, ajudar na fisio, pensar em formas de acelerar seu desenvolvimento, enfim… além de passar rápido, o tempo age nosso inimigo, já que os efeitos da neuroplasticidade são mais fortes nessa fase da infância, então, se há um momento para diminuirmos os impactos de sua deficiência e tentarmos reverter o máximo possível um sofrimento futuro, este é o agora.
Embora eu saiba a importância que as redes sociais têm para tornar minha vida profissional mais sólida, rentável, conquistar seguidores e realizar meu desejo em se tornar efetivamente um jornalista influente, confesso que a dificuldade em postar qualquer coisa que seja é cada dia maior.
Cada dia posto menos. Cada dia priorizo menos e, consequentemente, a criatividade vai se definhando na mesma proporção em que os bloqueios ganham vida. O que responde a pergunta do título lá em cima: não dá pra crescer as páginas ou ganhar seguidores nas redes quando se prioriza a vida real, pelo contrário. A tendência é perder seguidores e correr atrás do prejuízo depois quando tudo se encaixar melhor.
Não deixei de ser analítico ou ter opiniões, nada disso. Continuo lendo, estudando, pesquisando, sorrindo e me indignando. Só deixei de dividir os pensamentos por falta de tempo em parar para organizar as ideias na escrita.
Não tem a ver com arrogância ou se sentir mais “intelectual” por se afastar das redes, nada disso. Amo internet, amo vocês, e adoraria compartilhar diariamente minhas reflexões e meus momentos com mais frequência.
Por minha filha ser atípica, nossa realidade é diferente, dura, sem respiro, por vezes sufocante e injusta. Não dá pra se doar pela metade, principalmente em meio a uma pandemia que a afastou de todos os coleguinhas, da escola, de alguns tratamentos. Mais do que nunca ela só tem a mim, minha esposa e o irmão.
Enfim, vez ou outra virei aqui postar e escrever coisas que considero relevantes com aquele objetivo de sempre em inspirar ou despertar reflexões de alguma forma. Sinto falta da interação com vocês também.
Minha ausência é temporária e por um bem maior: minha filha.
Não me abandonem.
Bjo no coração.