Você, paizão, que convive diariamente – ou somente aos finais de semana – com o filho, tem criado memórias afetivas com ele?
Bate uma bola, brinca no parquinho da praça, senta na terra e põe a mão no barro, ajoelha e abre os braços para ele vir correndo e pular, o coloca no “cavalinho” e explora cada cantinho da casa ou do prédio, busca na escola de surpresa, não foge do Pronto Socorro, participa das consultas ao pediatra, vibra na plateia durante as apresentações na escolinha, faz ‘bruuuu’ no sovaquinho e no pescoço, troca as fraldas, dá banho, envolve no abraço durante um pesadelo na madrugada, deixa comer besteiras escondidos da mamãe, assiste desenho com ele debaixo das cobertas, enfim…
Já parou para pensar que, daqui a pouco, bem pouco, ele crescerá o suficiente para não ver mais graça nisso tudo?
Já parou para pensar que, se ele não vivenciar isso tudo, não experimentar essas sensações, crescerá sem essas memórias enriquecedoras, que, além de divertidas, transmitem valores, segurança, amor, respeito e dezenas de outras características positivas – para que ele seja um adulto realmente feliz?
Já parou para pensar que, as únicas coisas capazes de nos eternizar dentro de alguém, são as boas lembranças e o que vivemos juntos?
Já parou para pensar que, se não criar momentos inesquecíveis com seu pequeno, você será facilmente esquecido e/ou substituível (aqui, agora, ou depois, no pós-morte)?
Quando não existe a prática da alienação parental (infelizmente muito comum), qualquer afastamento entre pai ou mãe e filhos, será SEMPRE culpa do pai ou mãe. Sempre. A obrigação em estreitar esse relacionamento NÃO é do filho.
E digo mais: nós, pais, somos infinitamente mais dependentes de nossos filhos do que eles de nós. Isso mesmo, afinal, são as grandes motivações para acordarmos todas as manhãs e seguirmos lutarmos. É por eles que não desistimos nunca e, não raras vezes, engolimos algum sapo.
E se não é assim que você enxerga, precisa nascer de novo para absorver os valores que realmente importam nessa vida, pq a felicidade, definitivamente, está nos detalhes, no simples, e, na maioria das vezes, bem diante do nosso abraço.
“Ei, Guifer, seu pseudo-escritor-podcaster-de-bosta… não sou um pai presente, mas pago pensão em dia. Logo, me considero sim um bom pai!”
Dane-se, meu amigo!
Seu filho não quer seu dinheiro, ele só deseja ser amado!
E se sua realidade é a ausência (mesmo não tendo impedimentos para estar ao lado dele), mesmo que deposite 1 milhão de reais na conta do pivete todo mês, você não tem absolutamente nada de bom pai.
Inclusive, seu filho ainda nem sabe que o “inteligentíssimo” ser humano pegou um pedaço velho de papel, fez um desenho ridículo, chamou de dinheiro, e depois passou a mercantilizar dignidade. Isso é imbecilidade do mundo adulto que nada tem a ver com a pureza das crianças.
Dinheiro é importante na criação de um filho? Sim, claro. Infelizmente é essencial para sobrevivermos neste universo em que se reconhece mais o preço do que o valor de coisas, pessoas e momentos.
Contudo, ser um pai admirável jamais estará relacionado às quantias monetárias, e sim, ao amor incondicional que deve ser fomentado diariamente nos instantes aparentemente mais simples – nada mais.
Dinheiro e amor são coisas totalmente distintas e isso nunca servirá de desculpas para um abandono total ou parcial de um filho.
Dinheiro é papel, é fugaz, vem e vai;
Amor é divindade, é perpétuo, vem e fica!
Em dias como os atuais, talvez valha uma reflexão sobre o papel da tecnologia, do machismo e do autoritarismo no afastamento entre seu filho e você – caso exista. E, óbvio, existindo, cabe a ti um plano de contingência para modificar essa realidade e se tornar um bom pai, pq, tempo há, basta querer.
“Ter filho ou filha é para qualquer um; ser pai, não.”