Pensei muito em não fazer este post, pq as pessoas sempre interpretam a dor do outro como vitimismo e mimimi. Mas hoje, 21.09, é Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, e o objetivo aqui é minimamente conscientizar os maus, pq trata-se de uma jornada que está muito longe de ser romântica.
Nossa vida aqui é real. Nossa luta não é de plástico, sacou? Da porta pra dentro a gente sangra todo santo dia. E essa foto mostra que, da porta pra fora, também.
Sabe pq a Laís balança sozinha? Não é pq o parquinho está vazio. É pq vocês, pais, ensinam seus filhos a não estenderem a mão, a não agirem carinhosamente com o diverso, a não aceitarem que o “fora do padrão” entre nas brincadeiras e seja feliz também. Pq, afinal de contas, apenas a felicidade de SEU filho importa. Dane-se o semelhante que é segregado e incompreendido apenas por ser quem é, gratuitamente.
No dia em que fiz esta imagem, uma cena em específico me marcou bastante:
Laís corria pra lá e pra cá atrás de uma criança que ela pensava que já ser amiguinha, e percebi que a menina nunca parava pra dar atenção a ela. Até que essa menina subiu no alto da gaiola e a Laís ficou embaixo olhando pra cima e gesticulando pra ela descer, tentando dizer que não conseguia subir, mas que queria muito brincar. Até que, com semblante sem graça ela me olhou de longe, eu lhe joguei beijo e falei “vai brincar ali, meu amor…” (apontando para essa balança). Foi quando ela saiu sozinha com ar de “não foi hoje ainda que consegui brincar com alguma amiguinha…”.
Talvez pro seu filho, uma tarde brincando com amigos no parque seja apenas mais uma tarde como outra qualquer. Para a Laís, não. Saber que teve amigos por alguns minutos transforma o dia dela e traz impactos positivos em toda sua rotina e tratamento: melhora o humor, o sono, apetite.
Brincar é parte do tratamento; ser incluída (não apenas integrada) é parte do processo de cura.
Não é só respeitar a existência da pessoa com deficiência, entende? Respeitar é o básico.
É sobre acolher, se doar por uns minutos, dar oportunidade à troca, se permitir aprender, enfim. Sentir-se parte da sociedade é um direito do deficiente. No caso de uma criança como a Laís, ter amigos para brincar faz com ela se sinta querida, necessária, VIVA! – e com plena certeza de que, apesar de toda luta, a vida vale sim a pena.
Criança não tem culpa de excluir, não tem maldade. Apenas reproduz o comportamento dos adultos, pais ou cuidadores. Não à toa, já presenciei pais tirando bruscamente o filho de perto da Laís por medo de que ela pudesse lhe causar algum mal, quando ela só queria trocar amor.
Por isso, neste dia de reflexão, clamo a você que tem ou pretende ter filho: se informe mais e aja com humanidade. Crie pensando também no próximo, na convivência social e na certeza de que o mundo não gira em torno apenas do umbigo de sua família.
Lembre-se: somos plurais, e o dia de amanhã não lhe pertence.