Em 1997, o Charlie Brown Jr. lançou uma música chamada ‘quinta-feira’, que foi composta por Chorão e trazia estrofes com os seguintes dizeres:
“(…)Ouvi o grito de dor de um homem que falava a verdade/Mas ninguém se importava/Botando pra fora tudo o que sentiu na pele/Mas ninguém lhe dava ouvidos, não.”
“(…)O difícil é desviar de quem está sempre querendo/Ela mantém a porta aberta, ela te faz de instrumento/Vai te dominar… se já não dominou!”
“(…)Parecia inofensiva, mas te dominou, te dominou, te dominou, dominou.”
Bom…
É de fácil compreensão o tema que foi abordado nessa letra: dependência química, uso de drogas.
Eu talvez até esteja abusando um pouco da teoria, mas, não me parece uma coincidência sinistra (e triste) pensar em toda situação que o músico passou em seus últimos dias de vida, agonizando em depressão e, consequentemente, no uso demasiado de cocaína – para, quem sabe, amenizar um pouco a catástrofe que sentia na alma e acometia sua mente.
Com o desfecho triste dessa história que já conhecemos, ficou a impressão de que, aparentemente, para o Chorão, ali entre 2012 e 2013, “ninguém se importava” com o que sentia, “ninguém lhe dava ouvidos, não…”. E, lamentavelmente, o que parecia inofensivo acabou dominando quem, quase que de forma premonitória, havia narrado essa história anos antes.
Ninguém (ou poucos) ouviu o grito de dor desse homem que falava a verdade e tentava botar pra fora tudo o que sentia na pele nessa que foi a fase terminal de sua jornada.
Coincidência ou não, “ainda me lembro bem” que, Chorão foi sepultado exatamente em uma quinta-feira.
Luz pra ti, Alexandre, aonde quer que você esteja!
______________
Ps: aos que tiverem interesse, a letra de ‘Com a boca amargando’, presente no álbum ‘Bocas Ordinárias’ (2002), é ainda mais arrepiante.