Masculinidade frágil nunca foi uma característica minha, sabe? Desde sempre me permito sentir e ser afetuoso com tudo e todos, sem me preocupar com o que outros homens, por exemplo, estão pensando a respeito.
Mas não sei se por herança machista ou estrutura patriarcal tóxica, tenho sofrido calado e “sorrindo” num momento em que, tudo o que eu precisava, era chorar copiosamente.
É engraçado pq, me desmancho ao ver morador de situação de rua ou criança pedindo no farol, mas quando a pauta é a Laís e todas as dificuldades que envolvem sua existência, acredite: foram raros os momentos em que chorei ao longo desses nove anos de luta, desde ela veio ao mundo.
Será que essa “trava” mora no senso paterno que me obriga ser forte aos olhos da minha filha – para tb mantê-la resistente e lutando sem olhar a metade vazia do copo? Não sei… Fato é que sou um homem sensível, emocional, e os desafios que vivencio há tempos com a Laís mexem demais comigo.
Acontecimentos mais recentes, como a cirurgia na perna que a deixou numa cadeira de rodas, me expuseram a um estresse mental absurdo, 24 por 48 horas, pela ansiedade na cura VS achar que não estou doando o máximo de mim e sendo o pai que ela merece.
As únicas alegrias da minha pequena eram dançar, pular, caminhar, correr, e brincar nos tobogãs e piscinas de bolinhas. Ou seja, atividades em que a perna é matéria-prima. Contudo, ela não levanta do sofá há meses, desde que a operação se tornou um sofrimento inesperado com a recuperação que não saiu como planejada.
Imagine você ver a própria filha sofrendo com algo que, se não for resolvido logo, pode prejudicá-la para sempre, mas que, ao mesmo tempo, tudo o que está ao seu alcance você já está fazendo. A sensação de impotência me esmaga e acompanha meus dias no trabalho e em todos os lugares.
Meu desejo de chorar existe pela necessidade em extravasar toda dor que tem feito morada aqui dentro, para, quem sabe, eu volte a sorrir genuinamente e aí ser o Fernando que sempre fui a ela e tb às pessoas que me cercam.
E o choro, mesmo quando vier, não será com intuito de apagar meu sorriso. Ao contrário, virá para limpar a alma e torná-lo ainda mais resplandecente, servindo de farol para que o dela também se mantenha intacto, sem esmorecer.