Hoje me dei conta de que minha filha está com 11 anos. Exatamente a idade que vi meu pai pela última vez antes de ser abandonado por ele.
Nessa idade, eu também já tinha apanhado muito da minha avó (gratuitamente) apenas por existir, o que se repetiria por toda adolescência ainda.
Com isso, minha alma transborda feridas que atualmente corro contra o tempo buscando tratamentos para ter uma mínima qualidade de vida.
Tudo com objetivo de ter paz mental e, principalmente, ver minha filha crescer e estar ao lado dela enquanto ela precisar da minha presença.
Mas o post não é sobre lamentar. É sobre quebrar ciclos.
Além de nunca ter levantado um dedo para minha filha, sou presente todos os dias da vida dela desde a gestação.
E, apesar das dificuldades de compreensão da Laís devido sua deficiência intelectual moderada, o brilho em seu olhar já demonstra saber que nunca será abandonada por seu papai – nem mesmo quando ele não estiver mais nesse plano espiritual.
E sabe de uma coisa?
Estou orgulhoso de mim mesmo. E faço questão de permitir a isso, pois consegui quebrar um ciclo dificílimo pra mim, que é o do abandono e da violência parental!
É o básico? Sim.
É o mínimo? Sim.
É a obrigação? Também.
Mas só quem cresceu sem referências do que é o certo a ser feito, sabe o quão desafiador é seguir na contramão do que foi ensinado na fase de construção da nossa identidade, que é nossa infância.
Só quem está com a saúde mental lotada de cicatrizes, compreende a dificuldade em fazer diferente do que fizeram com a gente.
Talvez você que me lê também tenha passado poucas e “boas” na infância.
E o que tenho a lhe dizer, é: seja forte e tente quebrar o ciclo.
Precisamos entregar ao mundo criações mais responsáveis do que tivemos e, com isso, seres humanos mais saudáveis do que somos.
Uma sociedade menos doente no futuro, será naturalmente uma sociedade mais amorosa, empática e verdadeiramente feliz no off-line.