Já são quase 30 anos divagando pelos quatro cantos da megalópole Sampa, incluindo seus derivados com cidades adjacentes, e o ato de observar tem sido um hábito cada vez mais presente.
Amadurecimento? Preguiça da humanidade? Falta de argumentos para tudo? Característica de “cagão”?
Sim. Não. Pode ser. Talvez. Bah… não sei, confesso.
Mas a linha de raciocínio do meu coração é o cão-guia da minha alma, e algo me diz que o alvo da sabedoria talvez seja mesmo o “observar mais e falar menos”, embora eu seja aspirante nessa arte.
Não é fácil apenas observar e manter-se alheio ao mundo das falas, principalmente quando se é amante das cordas vocais, amigo íntimo do papel e caneta ou, enfim, um alguém co-irmão da incerteza (e que busca respostas sobre tudo a todo momento).
Mas o tempo… ah, o tempo… seu passar nos conduz quase que de maneira imperceptível ao que entende ser o melhor para nosso temperamento, nosso momento e até mesmo nosso argumento (causador de nossas inimizades diárias).
É preciso entender que existem aqueles instantes para trocação de palavras – em que se protagoniza situações desgastantes para o repertório de paciência e sabedoria -, e outros somente a serem observados como um mero espectador que alimenta a inteligência emocional e o “No Stress” à la paz e amor – em nome da infalível (e velha) política da boa vizinhança.
A melhor parte do observar está no admirar. Olhar e não simplesmente ver, mas também enxergar e aprofundar-se na captura da essência do alvo observado e instigar o belisco na retina.
Pela janela do ônibus, amigo diário nos trajetos do ganha-pão, vá além do que a rotina lhe impõe sem pedir licença. Dê bom dia ao sol, conte as árvores e admire suas folhas; olha lá o voar dos pássaros, o artista de rua, o badalo do sino, a pa que enche a laje, o orelhão que agora está na solidão, o moço de boas histórias rumo ao alistamento, a moça formosa na faixa de pedestres, o igual em situação de rua feliz com o cobertor que conquistou na noite passada, o sorriso de quem se ama… ai ai… ?
Observar não tem contras, apenas prós. Tudo vira poesia quando se observa; Tudo se camufla quando se fala demais.
E aos 30 entendi que o mundo geográfico nasceu para ser observado e admirado, e que o mundo “humanizado” ainda não está na mesma sintonia.
Então, joguemos o jogo das falas para tentar ser aceito, “notado”, “admirado” ou OBSERVADO.
E que comecem os jogos do dia de hoje.