…do próprio Brasil, por exemplo.
Embora não precisemos ser videntes para profetizar que a situação política no país vai tomar rumos maléficos em curtíssimo prazo, está cada dia mais assustador ver que as pessoas tornaram-se aparentemente coniventes com o futuro obscuro que nos espera.
A “brincadeira” começou sim a passar de todos os limites, e quando tomarmos consciência do monstro que estamos criando terá sido tarde demais para arrumar a casa (e quiçá, a vida).
Entenda: não estou falando da política em sua raiz, como no aspecto corruptivo da coisa, por exemplo, até porque isso já foi para o ralo há tempos. Refiro-me a maneira desrespeitosa como as pessoas têm se tratado nos últimos meses, já que isso sim é o mais triste e escancara pra valer que o maior problema de toda nação é mesmo a educação, e ponto final.
Inclusive, alguém aí já conseguiu perceber que o Brasil entrou em colapso e que não será novidade alguma se vivenciarmos uma guerra civil pra valer?
Bom, não sei vocês, mas eu temo de verdade toda essa intolerância que nós, “pessoas de bem”, temos propagado diariamente, e que só atinge a nós mesmos e alimenta uma fúria desmedidamente sádica, como se gostássemos de apanhar uns dos outros mesmo sem nem entender o real motivo da briga.
Não importa se você é a favor ou contra o impeachment; se é a favor ou contra o PT/PSDB/PMDB e afins.
E o Brasil? Você tem se lembrado dele? Você tem se preocupado com o futuro do país na mesma proporção com que se preocupa o futuro do Lula, FHC, Cunha, Dilma ou Aécio?
Será que sua ideologia movida ao ódio não está se esquecendo de algo maior e mais importante que é o Brasil?
Passamos da fase em que defendemos ideias para a fase em que o ataque ganhou prioridade, e vejo que tudo acaba soando muito estranho. Isso não tem nada de saudável em qualquer ocasião que envolva pessoas com um mínimo de civilidade, muito menos em uma fase como esta – em que deveríamos das às mãos ao invés de mostrar armas.
A coisa tornou-se tão insuportável que se você tiver simpatia pelo PSDB, é automaticamente taxado de inimigo do PT; se você tiver simpatia do PT, é automaticamente taxado de inimigo do PSDB.
EPA! Quer dizer então que não se pode ter opinião própria por aqui e pensar diferente do que os guerrilheiros de plantão pensam? Oras… é muita audácia, é muito autoritarismo e muito desrespeito com a opinião ou ideologia de qualquer outro cidadão que, aliás, paga tantos impostos quanto você, ditador metido a intelectual.
Como assim não posso andar de vermelho? Como assim não posso andar de azul? Como assim não posso usar a roupa que eu quiser em um país democrático, laico e em pleno 2016? Me poupe!
Amigos, não existe (ou pelo menos não deveria existir) batalha de cores.
Se você é um soldado dessa contenda de tonalidades, saiba que sua participação não está ajudando em nada o Brasil, pelo contrário. A grande realidade é que você está sim contribuindo para afundar teu país em uma desgraça que, mais cedo ou mais tarde, vai atingi-lo direta ou indiretamente. Dia após dia torna-se mais absurdo e assustador ver o retrocesso mental das pessoas por aqui.
Talvez valha lembrar que isso não é futebol (apesar da semelhança no pão e circo) e está muito longe de ser um clássico como Grêmio vs Internacional.
Isso aqui é teu futuro, meu chapa. É tua comida na mesa, é a educação dos teus filhos, é a segurança da tua família, é o hospital da tua comunidade, é o emprego daquele igual desfavorecido que está no semáforo, enfim, é também a moradia do seu irmão que reside nas ruas por falta de opção.
Lembre-se: Você tem SIM o direito de estar no lado que achar mais conveniente e formar sua opinião a respeito de qualquer coisa, desde que isso, claro, não passe por cima dos seus valores pessoais “de bem”, afinal, seus pais não ficariam orgulhosos em saber que você tem contribuído por um país mais violento, intransigente e sem diálogo (ou ficariam?).
Você opinar ou propor uma discussão saudável é totalmente aceitável; você agredir fisicamente ou com palavras para impor tua “verdade”, não.
Apesar de clichê, sempre é válido ressaltar que nosso direito termina onde começa o do coleguinha. (ba-dum-tis!)
Vocês perceberam que essa “picuinha política” entre a população tem jogado pessoas de bem contra pessoas de bem? Vocês perceberam que todos desejam a mesma coisa e continuam brigando sem ao menos darem trégua para se ouvirem? Vocês perceberam que a briga passou a ser totalmente pelo azul ou vermelho e não mais pelo verde e amarelo? Perceberam que o Brasil chora enquanto o povo se mata defendendo pessoas que nem conhecem olho no olho?
Estamos todos no mesmo barco e queremos as mesmas coisas. Não é uma questão de plebe ou elite, coxinha ou petralha, e não deve ser questão de partido – pelo-amor-de-Deus!
Não levantem bandeira de partido, mas, sim, a do Brasil somente, pois o tempo está se esgotando juntamente com nossas condições básicas de sobrevivência.
Vamos dialogar, vamos tentar salvar o Brasil conscientemente e de uma forma que não gere ainda mais atrasos. Vamos contar até 10. Vamos tentar ouvir o outro e, quem sabe, reavaliar a própria posição.
Não adianta, o Brasil não será salvo no grito e nem na porrada, ainda mais se ele espancar a si próprio – que é o que temos feito.
Não somos o centro do mundo e jamais seremos. Por qual motivo as pessoas são obrigadas a pensar como eu penso? Eu sou melhor do que alguém? Mais bonito? Mais inteligente? NÃO. Mil vezes, não. Eu não sou e você também não é um ser absoluto de outro planeta que chegou para salvar a pátria e que, portanto, deve ser reverenciado e doutrinado.
E esse coro não deve ser apenas meu, mas de todos nós, pois trata-se do básico do básico.
Precisamos ser caretas e voltar ao ensinamento primitivo de nossos pais que é ‘respeitar os outros’, e reaprender palavras/frases mágicas, como ‘por favor’, ‘obrigado’, com licença’, ‘te amo’ e ‘desculpe’.
Chega de “meu bandido é melhor que seu bandido”. O Brasil pede uma trégua e precisamos atender ao seu apelo antes que seja tarde. Por ele, por mim, por vocês e por nós. Acordemos e oremos.
Mais amor, por favor!