A frase do título foi extraída de um dos episódios do seriado Chaves (original ‘El Chavo Del Ocho’), em que o protagonista exclama a plenos pulmões este pensamento em um contexto totalmente diferente ao que será abordado por mim nas linhas abaixo.
Mas, apesar de um trecho composto para a ótica do humor, vejo como uma das citações mais sábias do grande gênio e pensador Roberto Goméz Bolaños, pai humano do nosso inspirador Chavinho.
Vamos lá: ‘morrer’ é uma coisa, ‘perder a vida’ é outra bem diferente.
1- O ser humano é considerado morto quando suas atividades cerebrais decretam falência perante as leis da medicina;
2- O ser humano, porém, perde a vida, quando deixa de sonhar, de amar, de acreditar, de se expor, de sentir prazer com pequenos gestos, e quando até mesmo o brilho do meio dia passa a lhe causar incômodo.
E, para que o item 2 se torne real, o cidadão não precisa ter sido declarado clinicamente morto, afinal, é bem possível sentir o coração bater, o cérebro funcionar e, mesmo assim, ter a incógnita e angustiante sensação de ser um alguém sem vida ou sem valor para o mundo e, principalmente, para si mesmo.
O tal ‘nascer-trabalhar-consumir-morrer’ acaba com nossa saúde emocional/física – na unha – e faz com que tudo ao redor que disponha considerável relevância, passe a flutuar despercebidamente bem diante dos nossos olhos.
Trabalho, estudos ou qualquer projeto que seja, nos insere em um vicioso e maléfico círculo de zumbis, daqueles que nos torna marionetes guiadas por sonhos que acreditamos ter, mas que, por falta de tempo (e de tesão), mal lembramos quais são de fato.
E tudo porque, ao longo dos anos, criamos o costume de nos autossabotar com cabrestos invisíveis e dedicar toda a vida em torno algo que imaginamos ter relevância para nossa felicidade plena, quando, no acerto de contas, pufff… não conseguimos realizar absolutamente nada do que foi planejado.
Sonhar e não realizar nos estimula seguir rumo a um caminho que muitas vezes não tem passagem de volta, mesmo quando aparentemente esteja claro que recomeçar é parte do processo e algo necessário para, não só testar a capacidade que temos em dar a volta por cima, mas, também, para nos deixar mais maduros na hora de cortar o bolo.
Mas, não é fácil lidar com as derrocadas. Nunca foi.
Viver é uma arte. Nós, humanos, somos imediatistas e gostamos de ver os projetos dando certo. Jamais nos preparamos para o fracasso, e talvez o erro esteja exatamente aí, já que na vitória a gente não cresce.
Vencer é gostoso, mas não agrega valor.
Na verdade, é o balde de água fria que nos torna pessoas e/ou profissionais melhores.
Contudo, a frustração nos torna reféns de um sorriso amarelado que tem como cativeiro um cômodo escuro e a mentirosa – e clichê – frase “estou bem, fica tranquilo!”, dita sempre que alguém se aproxima.
E os males responsáveis por “acabar com nossa vida sem nos matar” geralmente tem como pontapé inicial uma palavra que raramente levamos a sério: rotina.
A correria é capaz de transformar nossa rotina em algo tão estafante, que chega ao ponto de não encontramos mais prazer em observar e admirar as belezas naturais que o planeta nos oferece gratuitamente pelas poucas-muitas 24 horas que fazem elo dégradé entre o sol e a lua diariamente. E quando percebemos, estamos respirando sem motivo e caminhando sem destino.
Vale saber que, qualquer preguiça que criamos em pensar ou agir nos destreina para o raciocínio lógico, nos desperta para a ignorância, e, no fim das contas, tudo desemboca pra valer naquela parada que conhecemos por manipulação, entende?
Ou seja, passamos a não fazer mais o que temos vontade, e sim, a prosseguir conforme o andar da carruagem e o dançar conforme a música (como bons piolhos censurados pelo próprio vulto).
Não deixemos as circunstâncias nos fazer agir como inquilinos do próprio nariz, pois, a única coisa que nos faz ter domínio sobre o tal “eu que mando em meu destino” é nossa identidade. E quando vivemos em função do que a sociedade espera de nós e não do que achamos ser o correto a ser feito em prol dela, é sinal de que já não há mais personalidade própria. E o perigo mora exatamente aí.
Afinal, sou eu quem dependerá de um futuro criado pelos outros, ou é o futuro e os outros que(m) dependerão de um futuro criado por mim?
Prefira sempre morrer do que perder a vida. Sempre!
Se for para morrer, que morra logo e deixe de fazer peso na terra;
Se for para viver, que seja intensamente feliz e agregador para os que lhe cercam e, principalmente, para o próprio sapato.
Enquanto viver, viva!
Faça o melhor que puder em tudo o que se dispor.
Suas atitudes e realizações servirão de base para um legado que poderá ser positivamente aproveitado por todos os que ficarem depois de sua partida.
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Imagem: Luis Gontijo