Quando alguém diz que logo mais combinará algo contigo sobre qualquer coisa que seja, abre-se uma lacuna de que você poderá opinar sobre o tema em questão para, juntos, chegarem a uma conclusão, certo?
Certo! Ok.
Mas, alguma vez, em qualquer entrevista de emprego que seja, já foi possível ‘combinar’ (de verdade) qual salário você gostaria de ganhar na empresa – por julgar o valor como ideal e de acordo com a função que estavam propondo para que exercesse lá dentro?
A resposta da maioria é clara: não.
Porém, não é difícil entender o motivo que isso acontece, olha só: a empresa já sabe o quanto pretende pagar ao novo colaborador, no caso você, desde o momento em que resolveu abrir a tal vaga. Não é mágico? TCHANAM!!!
Quando se chega para um bate-papo junto ao entrevistador, ele já vem com a proposta salarial definida (e não pré-definida) e, caso você não aceite, é tchau, e que venha o próximo.
E qual o problema nisso? Nenhum, pelo contrário.
Deveria ser encarado como algo natural, e na verdade até é mesmo. Mas isso, claro, só é bem-vindo quando existe transparência desde o anúncio da vaga, pois você já chega à entrevista sabendo o quanto vai ganhar e, claramente, não há dúvidas de que a oferta em si agradou, já que, caso contrário, você nem estaria ali, não é mesmo?
Agora, a partir do momento que fica no ar uma promessa de que ‘vamos combinar’ o salário… opa! Então é natural o candidato querer ser, no mínimo, ouvido – e levado e conta se possível. No entanto, você, ser humano com sentimentos e talentos, não é escutado.
E apesar de não ser nem um pouco absurdo a empresa ouvi-lo devido tantos anos dedicados e tantos Temers gastos com estudos e capacitação, dane-se a opinião ou o valor que você julgar adequado para a habilidade que gostaria de emprestar àquela companhia.
Sendo assim, a questão é:
Pq omitir a informação mais relevante do anúncio de emprego ao principal interessado?
Afinal, por qual motivo as empresas acham que o candidato está à procura um trabalho, senão a óbvia necessidade financeira comum a qualquer ser que habita na terra e precisa comer, vestir e dormir?
Compensa mesmo fazer a pessoa sair da casa dela sem saber quanto vai ganhar no fim do mês?
Bom, se a ideia já é desmotivar logo de cara, parabéns!
Especialistas em Recursos Humanos podem aparecer com suas mil teses para rebater o tema, incluindo jogar nas costas do candidato com argumentos do tipo: “ele precisa mostrar que deseja muito trabalhar aqui, independente do dinheiro”, “mais do que o dinheiro, ele deve mostrar interesse em seu desenvolvimento, na conquista da experiência, e ser também grato pela chance de atuar em uma super-hiper-mega-master-blaster (e advanced) empresa foda como a nossa!”.
Sim, amigos recrutadores and/or empreendedores, tudo isso é legal, fundamental e bacana. Mas existe um equívoco brabo nisso tudo, pq o dinheiro não tem nada a ver com essas justificativas.
O candidato pode amar a empresa e ter orgulho em vestir sua camisa, e pode ter uma super vontade em se desenvolver e engordar seu leque de experiências aí com vocês. Mas isso definitivamente não tem relação com as contas que chegam mensalmente para ele, entendeu?
Ele PRECISA saber quanto vai ganhar. Apesar de óbvio, é um direito do trabalhador e não faz o menor elo com as gotas de sangue que ele promete derrubar por sua marca.
Chega ser assustador ver o quão defasado está o pensamento, não apenas dos cargos mais altos que lidam diretamente com a parte administrativa da coisa, mas, principalmente, daquelas áreas cuja única função dentro da instituição é lidar com pessoas – por serem as que deveriam lutar por mais transparência na contratação de… pessoas. (ó!)
O que acontece é que as grandes companhias estão imersas num cochilo profundo que as cegam para o avanço speed que o mercado passa, e por isso não conseguem acompanhar a evolução das coisas e pessoas.
Enquanto algumas companhias roncam, outras aprendem que as pessoas devem estar no centro das atenções (tanto as que consomem seu produto lá fora quanto as que fazem o negócio girar internamente), já que o faturamento sustentável não está sob os olhares de máquinas, e sim, de mãos humanas.
E mesmo que o negócio estivesse sendo controlado totalmente por computadores, é ignorância rejeitar o fato de que os clientes finais são seres humanos.
Quer liderar e se manter como uma referência positiva de negócios? Então, humanize seu atendimento, humanize seu serviço, humanize sua marca e humanize-SE. Do contrário, o buraco lhe espera de braços abertos pq o mercado é concorrido, impiedoso e geralmente não tem paciência com os que não nasceram para a coisa e ficam esperando o bonde passar.
Lembrem-se, amigos: Cada vez menos os candidatos estão caindo em contos do vigário, e isso acontece na mesma velocidade em que eles buscam qualificações irretocáveis para que o currículo sirva como um verdadeiro colírio aos olhos de quem realmente o valorizar.
Não pensem que somente a empresa avalia e faz essa triagem de ‘quem serve’ e ‘quem não serve’ pq atualmente os candidatos também não batem o ponto para CNPJs que não acreditam de fato. E isso é um perigo, vendo que pode fazer a empresa perder grandes mestres de qualquer área que seja.
Tudo isso o que está no texto é óbvio? Apesar de a grande maioria das empresas fazer não parecer, é sim – e muito.
Mas foi apenas para que vocês, que trabalham com PESSOAS, possam escrever isso com caneta permanente na cabeceira da caminha – e dessa forma garantir que amanhã também não precise se candidatar a um anúncio cujo salário esteja ‘a combinar’.
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