Jovens, saudáveis e atletas com uma vida inteira para desfrutar ao lado das pessoas que amavam, estiveram há 48 horas jogando pela final do campeonato brasileiro, em um confronto visto por milhões de pessoas espalhadas pelos quatro cantos do Brasil – e do mundo.
Hoje, porém, estão mortos!
Vítimas de uma tragédia que nos causa dores impossíveis de dimensionar, mas que nos leva de forma consciente a uma reflexão mais apurada dessa coisa abstrata e fugaz chamada ‘vida’.
Sim, pois, quando nos vemos diante de situações como essa, em que dormimos tranquilos pela certeza de que nosso ente querido está bem e acordamos com a notícia de que o perdemos sem qualquer explicação plausível, é o momento de meditar em torno do que se tem feito AGORA para valorizar e aproveitar verdadeiramente a vida e as pessoas que amamos, sem deixar o abraço ou o insubstituível ‘eu te amo’ para um amanhã que de repente nem virá.
Será que tenho agradecido por cada dia de vida?
Existe uma valorização sobre o alimento que recheia minha mesa do jantar?
Estou trabalhando demais ao invés de brincar com meu filho?
O dinheiro tem se tornado mais prioritário que minha saúde?
Quando telefonei a última vez para aquela pessoa especial para dizer o quão importante ela é para mim?
Antes do lado atleta, cada um ali era o ídolo particular de suas famílias, de seus filhos, de suas esposas, de seus pais, de seus irmãos, de seus amigos e de suas comunidades.
E tenho certeza de que ontem, ainda no aeroporto ou hotel, ligaram para casa e conversaram com seus filhos pedindo que estivessem em orações e na torcida por uma viagem tranquila e um jogo fascinante.
Afinal, os papais ficariam mais alguns dias longe de casa por uma razão abençoada: buscar, de um jeito tipicamente brasileiro, o sustento de cada dia, através de um título que faria seus pequenos ter ainda mais orgulho da trajetória particular (e de luta) de cada um deles.
Hoje, porém, o dia amanheceu, e todos estes pais não voltarão mais para suas casas.
Filhos nunca mais terão a oportunidade em dar aquele abraço apertado sempre que seu herói chegar do trabalho, pois… eles não vão chegar… nunca mais.
Pais perderam seus filhos; crianças ficaram sem pais. E novamente o destino mostrou que não temos controle sobre absolutamente nada.
UMA VIAGEM QUE EXISTIU PARA NOS REPRESENTAR…
Estava lindo ver toda delegação radiante com o tamanho de um feito conquistado com bravura na última semana, que era ser finalista da Copa Sul-Americana e, com isso, ter a real possibilidade em entrar para o hall dos grandes campeões do continente.
Foi assim que muitos pais de família embarcaram para a Colômbia nessa noite do dia 28.11.2016.
Sem qualquer receio de que a vida lhes reservara o melhor para esse fim de ano e algo tão grandioso que possivelmente muitos deles nem imaginavam ser palpável.
A Copa Sul-Americana talvez fosse a grande conquista da carreira de cada um, que voou com sorriso largo no rosto e a alegria de quem retornaria com a mão na taça e a um passo de ter o escudo da Chapecoense cravado na história do esporte mais praticado do planeta.
Nossos amigos foram buscar um objetivo que até então era visto por muitos como impossível, mas que foi ganhando corpo, credibilidade, simpatia, e, dia após dia, provou a todos os incrédulos que quando se tem fé, trabalho sério e humildade, é sim possível chegar aonde quer que seja.
Mas, uma coisa que você talvez não saiba, é que a Chapecoense não foi sozinha para Medellín.
Pois é, acredite… naquele avião não estavam somente os representantes de um time de futebol lá do Sul.
O clube levou na bagagem todos os torcedores brasileiros, a bandeira do Brasil, a garra do nosso povo desacreditado, e o sonho de muitas famílias que viam no futebol a chance de ter uma vida mais digna.
O que nos resta é orar pelas vítimas e pelo conforto aos familiares e amigos, além de aprender com esse ocorrido para buscar ser uma pessoa melhor a cada dia para si e para o próximo, reclamando menos, amando mais, aproveitando a vida, valorizando as coisas simples e, principalmente, curtindo tudo aquilo que realmente importa – e que o dinheiro geralmente não pode comprar.