Que Marta é uma profissional impecável no que se propõe em fazer, isso é indiscutível. Joga muito!
Uma mulher que tem minha total admiração por, mesmo diante de tantas adversidades, jamais ter desistido de levantar a bandeira do futebol feminino e lutar pelo combate ao preconceito desta que, historicamente, é sim uma modalidade machista.
Verdade seja dita: todo espaço mundial que o futebol feminino vem ganhando passa pela imagem da talentosa Marta.
No entanto, considero extremamente descabida qualquer comparação que façam entre ela e atletas do futebol masculino, seja Neymar, Pelé ou Klose, por exemplo, assim como vejo sem total nexo relacionar o futebol feminino com o masculino. E isso me chamou atenção por ver que o tempo todo a mídia enfiando goela-abaixo essa rivalidade que na verdade nem deveria existir, e claro, o povo infelizmente abraça como sendo algo realmente plausível.
Alguém compara Michael Jordan com Hortência? Nunca vi.
E não pq um é bom e o outro é ruim, pelo contrário. Ambos são excepcionais no que fazem.
Mas jamais competiram juntos. Jamais enfrentaram adversários semelhantes. Jamais dispuseram biotipo físico semelhantes.
Como Jordan e Hortência, eu poderia citar outras dezenas de atletas de uma mesma modalidade e de gêneros diferentes que foram igualmente fantásticos e que, mesmo assim, jamais sofreram com nivelamentos absurdos como esse que tem acontecido rotineiramente no futebol.
Ressalto que pauta em voga não é a inteligência ou a capacidade, entendam.
Estamos falando de homem e mulher. Seres humanos completamente distintos física e mentalmente e que, portanto, não há como assemelhar.
Dentro de campo, cada um enfrentará uma dificuldade e uma pressão diferentes e de acordo com o tamanho e a história da modalidade que defendem.
Mesmo que o futebol feminino venha ser o esporte número 1 do planeta no futuro (e torço muito por isso), é obvio que não terá comparação com o masculino.
E, como disse: não pq “o dos homens é melhor”. Mas pq estamos falando de gêneros diferentes, ponto. Gêneros que reagirão de formas discrepantes às questões técnicas, táticas e físicas dentro de uma mesma partida.
Uma coisa é lutarmos pela igualdade fora de campo no que diz respeito à visibilidade, infraestrutura e salários entre o futebol masculino e feminino. Outra coisa é querer comparar tecnicamente e/ou taticamente, dentro de campo, o que é incomparável por um simples aspecto fisiológico.
Marta não é melhor do que Neymar, Pelé e Klose;
Neymar, Pelé e Klose não são melhores do que Marta.
Parem de comparar o incomparável e apreciem as duas modalidades. Com o masculino e o feminino fortes, todos ganhamos.