A ignorância é coirmã da paz de espírito.
Quanto mais inquieto, inconformado e questionador você for, mais barulhenta sua mente será.
Essa coisa de ‘defender o óbvio’ a todo instante é, sem dúvidas, a mais desgastante para pessoas que utilizam minimamente o cérebro. Por isso, estar inerte a tudo e todos, fazer peso na terra, e ser daqueles que “tanto faz a água correr pra lá ou pra cá”, talvez seja benéfico à sobrevivência de qualquer um em longo prazo.
O pensar é o verdadeiro algoz da saúde mental que, mais cedo ou mais tarde, desembocará suas implacáveis dores no físico e na cova.
Quer viver mais?
Aceite tudo, não resmungue, não opine, fique sobre o muro, abaixe a cabeça, seja um personagem conforme o mundo espera, não faça inimigos, diga ‘sim’ o tempo todo, aceite as regras, receba dedos em riste ao seu nariz, surfe a onda, seja uma unanimidade.
Quer viver menos?
Não aceite imposições, resmungue, opine, escolha um lado do muro, empine a cabeça, seja quem desejar ser, corra do título de amigão da galera, diga ‘não’ sem receios, melhore as regras, jamais permita que coloquem o dedo em seu nariz, seja a onda, evite se tornar uma unanimidade.
Viver mais ou menos depende de cada um, mas não é somente uma escolha. É uma trilha ou, mais ainda, um propósito.
Por incrível que pareça, viver menos, dá mais trabalho, afinal, requer estudo, pesquisa, coragem, comprometimento, renúncias e os dois pés no peito do status quo.
Viver mais, porém, aparenta ser mais fácil, uma vez que não requer qualquer um dos esforços citados acima. É só acordar, vagar, dormir e repetir esse looping até o coração decidir que chega.
Apesar da brevidade existencial (nesse plano carne e osso) de quem levanta e deita insatisfeito com o tal do sistema, este terá ao menos tentando mudar o mundo em grande escala ou minimamente ao próprio redor, influenciando sua comunidade, propondo transformações, reflexões, dinamismos, quebra de paradigmas, enfim, lutando por construir um legado até o coração decidir que chega.
Até porque, os que vivem menos geralmente são aqueles que se imortalizam pela audácia. E para que a vida faça sentido, o preço é uma dor de cabeça (e por vezes no peito) que vale a pena ser sentida.
– Oras, Guifer! Mas pensar mais e viver menos agregará exatamente o que em nossas vidas? Não compensa viver mais e pensar menos? – você pode ter me questionamento em telepatia.
É uma boa pergunta, carx amigx.
Mas os que abdicam a longevidade de suas vidas em prol da criticidade e do pensar são os que verdadeiramente se doam pelos outros.
Como assim morrer sem agregar? De que me adianta assoprar 95 velas e, ao fechar os olhos antes de partir o bolo, perceber que não contribuí minimamente a um alguém, seja inspirando de alguma forma ou despertando reflexões fundamentadas?
Que raio de mundo vou deixar para meus netos?
Esse é o lubrificante do motor, entende? Ninguém vende suas primaveras de graça.
Já parafraseei isso antes e repito aqui: prefira morrer a perder sua vida.
Ainda há tempo. Sempre há…
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