Li a frase acima em uma publicação qualquer na rede social, que envolvia diretamente a notícia aí da imagem, em que Thammy é contratado pela Natura para estrelar sua campanha de Dia dos Pais. Depois me dei conta de que se tratava de um dos assuntos mais comentados do dia.
Com essa chamada, o dono da página queria o que, a não ser um julgamento desrespeitoso por parte de seus seguidores para com o pai em questão? Botar lenha na fogueira, claro. As redes sociais se tornaram um grande tribunal de “cancelamentos” em que o ódio é destilado 24 por 48 horas contra tudo e contra todos, na maioria das vezes, gratuitamente.
Geralmente não dou bola para post sensacionalista e passo batido na lógica do ‘não vou dar audiência pra isso’ ou ‘não vou bater palma pra doido’.
Mas, contrapondo meu próprio princípio, também acredito que a intolerância precisa, de alguma forma, ser confrontada para, quem sabe, ser combatida, já que fica cada dia mais claro que ignorar o preconceito não é o melhor caminho para se ver livre dele.
Por isso decidi deixar meu comentário na postagem, minha sucinta contribuição: “de acordo com meus princípios e valores, não é da minha conta. Que (Thammy) seja feliz!”.
Apertei ‘Enter’ e segui pensativo rolando o feed…
Por que raios as pessoas perdem tanto tempo cuidando da trajetória dos outros ao invés de focar 100% no progresso de suas vidas (reais e não virtuais) que são extremamente medíocres? Por que é tão prazeroso fiscalizar a sexualidade do próximo? O que passa pela cabeça de uma pessoa que pensa ter direito em ditar o que é ou não certo para a vida de alguém – baseado em suas crenças particulares?
Eu, que sou pai há seis anos e um filho abandonado há 35, posso dizer com toda propriedade: colocar alguém no mundo não é o suficiente para ser credenciado pai. Pelo menos pra mim, a palavra ‘pai’ é sagrada.
Assim como eu, tenho certeza de que você, que me lê, conhece alguém que tem filho e não é pai, da mesma forma que conhece alguém que é um paizão exemplar mesmo quando o filho não necessariamente carrega seu DNA.
É muito rasa a retórica de que só pode ser considerado pai um ser humano que tem pênis, uma vez que não é o órgão genital que define um homem de verdade. Sim, eu sei… o trecho acima chega ser ridículo de tão clichê, né? Mas infelizmente é parte do meu ofício. Defender o óbvio é mesmo muito cansativo, acredite!
Bom, fato é que se Thammy, hoje na condição de uma pessoa legalmente responsável por um bebê, cria seu filho com afeto e responsabilidade, então é sim pai e deve ser respeitado e admirado por isso.
Não concordar é um direito que você aí no outro lado tem, desde que não se esqueça de que respeitar também é um dever seu – pessoal e intransferível. Apesar que, conforme mencionei no início, ninguém, absolutamente ninguém, tenha alguma coisa a ver com a vida dele.
Eu, que palestro e atuo há um bom tempo em prol da paternidade ativa/consciente, sempre me deparo com um mundo cujo parte relevante dos “homens” são cruéis no que se refere ao assumir de forma minimamente assertiva sua condição de pai, com abandonos, abusos e violência física e psicológica. Morbidez esta que impacta para sempre a vida de seus filhos (futuros de uma sociedade que poderia ser mais justa, igual e tolerante) em médio/longo prazo, com enfermidades emocionais irreversíveis que, não raras vezes, desembocam até mesmo em suicídios.
Por fim, só se posiciona contra a paternidade de Thammy quem não sabe absolutamente nada a respeito do que significa ser pai em sua essência, e essa falta de compreensão sobre um universo que é unicamente composto por amor, termina, claro, em ódio, já é abominar o desconhecido é característica-chave do intrometido e ignorante ser humano.
Acredite: no fim das contas, as únicas coisas que importam realmente para chancelar uma paternidade, é o amor e os níveis de responsabilidade e prioridade que o pai em questão destina a seu filho.
O que ele carrega entre as pernas é o mínimo do mínimo detalhe – para não dizer que isso não importa em absolutamente nada.
Muita paz e muita luz.
(agora já podemos voltar a cuidar de nossas vidas)