INVISIBILIDADE
Sabe aquela sensação do invisível?
De passar batido, de não ser lembrado, notado
E que, vez ou outra, sem qualquer motivo plausível
Um alguém com desejos pisoteados pela vida e por desavisados desalmados?
Não importa o que façamos
Se é o bem ou se é direito
No lugar do incentivo ou de um aplauso
Lá está ele, o defeito
Não é ter voz por ego, pela fama
É pelo melhorar o dia de quem a gente não conhece
E também o de quem a gente ama
Entre outras coisas, eu tô falando do ser lido, visto, escutado
Ter minha arte ecoando, além da tela, aí no outro lado
Porque toda reflexão por mim composta em cada linha escrita
Carrega dores, sonhos, anseios, sorrisos e sentimentos de incertezas que aqui dentro em mim habita
Inspirar, compartilhar, despertar o pensar
O desejo por ser relevante a alguém ou alguns, perde seu sentido de sonho comum e se torna um pesadelo, cuja única vontade é mesmo a de pegar a tal tolha e simplesmente a jogar
Não é maluco enquanto criador
Depositar na criatura sua energia com amor
Muito louco mesmo é viver na ilusão de que,
por causa disso, se tem algum mero valor
O desprezo dilacera o peito e, com fedor e “futum”
Grita alto que aquelas bem-intencionadas aspas continuam invisíveis aos olhos e ouvidos do senso comum
Mas a gente cria casca, né?
Talvez pra ela, a vida, e pra eles, os humanos
O invisível não sinta dor
Por isso, na leitura que fazem
Não há motivo pra rancor
Você já tem o ar, a terra, os céus, o mar
E quiçá um teto e alimento
Quer mais o quê? Amor?
Talvez não.
Pedir empatia e amor, eu sei, já é demais
Apesar de simples e indispensáveis
Existem alguns gestos de que já compreendi que o ser humano não é capaz.
Mas não desisto.
Sou chato, paciente, sonhador
E muito, muito sagaz…