Em 2019, na Black Friday, a guerra entre Burger King e McDonald’s fez com que o consumidor tivesse acesso quase gratuito aos produtos de ambas empresas.
Hoje, no “Halloween(?)”, o BK deu lanche grátis aos que apareceram em seu drive-thru portando uma vassoura.
Na ação de 2019, foram tantos transtornos envolvendo as promoções, que o PROCON precisou notificar tanto BK quanto Mc; neste sábado, já tivemos caso de unidade do BK sendo interditada (que surpresa).
Obviamente, parte massiva do público de baixa renda não se dá conta do quão maltratado está sendo e se delicia com ações do tipo, uma vez que nem sempre consegue ter acesso aos saudáveis lanches dessas companhias no decorrer do ano. Ok. Direito.
Mas, o que chama minha atenção (e que não vejo ninguém se manifestar sobre) é a falta de respeito e empatia para com os funcionários dessas empresas.
Já parou pra pensar na pressão que é colocada sobre as costas desses jovens atendentes (que, aliás, já atuam na função de “faz tudo” nesses lugares)?
Já imaginou no quão desumano e insalubre é esse dia pra eles?
Quase que um trabalho escravo legalizado, na fuça de uma sociedade que, de forma inconsciente, o fomenta e o aplaude como se tivesse tirando vantagem em algo.
E se fosse seu filho, ali, no começo da carreira, tendo essa imagem deturpada do que de fato é o mercado de trabalho?
Desculpe, mas ninguém precisa amadurecer somente na base da porrada para ser um grande profissional. E pensar dessa forma ainda em 2020 não é só ser retrógrado, é ser, no mínimo, um grande irresponsável, essencialmente quando se ocupa um cargo executivo que pode ter decisões sérias acerca do bem-estar do funcionário.
Nessas horas vemos a importância dada ao colaborador em algumas grandes companhias. Sempre o Comercial e o Marketing dando de 10×0 no Capital Humano, deptos estes que, definitivamente, aparentam não se conversar – ao menos nesses grandes conglomerados de fast-food.
Com isso, mais profissionais doentes, mais síndromes de burnout, mais atestados, mais afastamentos, mais psicológicos violentados, mais estafa física…
Bom, mas, e daí, né? Qualquer coisa é só demitir e contratar outro saudável. Até ele ficar doente, já terá dado muito lanche de graça.
Na boa?
Precisamos melhorar e deixar de pensar apenas nas duas pontas da cadeia do negócio (quem produz e quem consome). No meio disso tudo (a ponte, a entrega) existem pessoas também.
Isto é parte da responsabilidade social.