Sempre quis que a Laís soubesse quem é o “Papai do Céu” e o que Ele já fez por ela. Mas nada pra gente é tão simples. Por isso, desde sempre, nosso lema é: um passo/dia de cada vez.
Mas, mesmo diante das dificuldades e isolamento causados por essa terrível pandemia e a respectiva distância dos tratamentos, coleguinhas e escola, sua comunicação verbal deu um salto considerável e ela agora já consegue reproduzir frases mais longas que ditamos – embora com a fonética ainda comprometida.
E todas as noites mais recentes, antes de dormir, têm sido assim:
“Papai do Céu
Obrigado por esse dia
Eu comi, eu brinquei, eu fui feliz
Me cura, Papai do Céu
Cuida do meu soninho, Papai do Céu
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo
Amém”
Confesso que, testemunhá-la agradecendo e pedindo proteção com sua própria boca é uma vitória que não consigo descrever.
Não é sobre religiosidade ou igreja, sabe? É sobre espiritualidade, comunhão e gratidão. Uma mera introdução ao que virá: conhecer e aceitar o passado para refletir o presente e compreender o futuro.
Não sei vocês, mas, quanto mais velho fico, mais vejo importância em ser uma pessoa espiritualizada, com uma energia boa, equilíbrio, crenças não limitantes e que preza por autoconhecimento e controle da própria natureza (embora eu seja um aspirante nessa arte).
E, assim como é meu dever transmitir à minha filha experiências presenteadas pela vida e as percepções que tenho sobre Deus e o mundo, é meu dever também ensiná-la a respeitar os ateus e todas as religiões e formas que existem de professar uma fé ou acreditar em algo/alguém.
Sei que um dia ela saberá do milagre de que foi agraciada ao nascer, mas, enquanto não tem esse entendimento, já começou a descobrir a proporção desse tal ‘Papai do Céu’ que nunca viu, mas que tanto ouve falar em casa como sendo “alguém” bom e que poderá contar sempre.
– Olhe lá, meu amor… tá vendo a lua e as estrelinhas?
– Ahn han…
– Então, foi o Papai do Céu quem fez, sabia?
– Papai do Céu?
– É… Ele mora lá… e também fez as árvores e os bichinhos…
O diálogo acima retrata um de nossos momentos a dois por aí.
Desta forma, pouco a pouco, ela vai descobrindo a grandeza de Deus…