Há quase dois anos ela não sabe o que é viver sem máscara. Há quase dois anos ela não brinca com algum amiguinho no prédio. Há quase dois anos que não vê o sorriso das pessoas na rua. Há quase dois anos ela foi proibida de abraçar os coleguinhas na escola. E, durante pelo menos um ano inteiro (2020), sequer colocou o nariz pra fora do apartamento.
Tudo de forma brusca, apenas observando a infância escorrer entre os dedos e as pessoas e experiências sendo subtraídas de sua rotina, sem ter a menor noção do que está acontecendo no mundo – por mais que utilizemos uma linguagem mais lúdica para tentar explicar o inexplicável.
Sabe quando ela reclamou ou fez cara feia para o uso de máscara ou álcool em gel? Nunca!
Sempre compreensiva dentro de suas limitações, um verdadeiro anjo do papai. Um dia ela saberá que o sacrifício não foi em vão, e que, além de preservar a própria vida, também protegeu o próximo.
Desde que ela nasceu dedico minha vida e meu esforço – além de todo recurso que luto para conseguir diariamente – apenas por sua sobrevivência e sorrisos diários. Dos 80 dias de UTI às crises de epilepsia, do combo de preconceito sofridos pelos parquinhos de bairro às centenas de consultas e terapias semanais, são os oito anos mais desafiadores da minha vida, e também os mais mágicos e transformadores que eu poderia ter vivido, não somente como pai, mas também como ser humano.
Soube na sexta que ela poderia se vacinar hoje contra a Covid-19, e claro, desabei em chorar com a notícia.
Eu estava muito, muito apreensivo com essa nova onda que tem entupido os hospitais, sabe? Além disso, a mortalidade infantil pelo vírus tem crescido substancialmente.
Laís é deficiente, grupo de risco, aulas presenciais voltando, e eu precisando me arriscar todos os dias na condução lotada para trabalhar e sustentar seus tratamentos… Jamais me perdoaria se algo acontecesse com ela. Só quem é pai ou mãe sabe a angústia que é ver uma doença devastar o país e o grande amor da nossa vida continuar suscetível ao contágio em sua forma grave.
Por isso, essa foto representa o sol que se abre no horizonte, para minha Laís e para todas as crianças do mundo. Estou emocionado pelo alívio, mas crente de que ainda há muita luta pela frente, contra o vírus e contra os que encabeçam esse projeto de extermínio em massa que assolou o Brasil.
Na torcida pela imunização de todas as crianças e com a maior brevidade possível 🙏
Vacinem seus filhos.
Protejam as crianças.
Não coloque seu maior amor do mundo em risco por fanatismo político infundado, dando ouvidos a quem não está comprometido com o bem-estar de sua família e não tem a menor dimensão do amor que você sente pelos filhos.
Vacina salva, negacionismo mata!