Sobre o tapão que Will Smith deu na fuça do Chris Rock por não ter gostado da piada com sua esposa, Jada, que sofre de uma doença autoimune chamada Alopécia, alguns dizem que foi agressão física, mas prefiro ver o “copo mais cheio” e chamar de um termo muito usado por humoristas para agredir verbalmente quem quiserem (a torto e a direito)… liberdade de expressão.
Rock optou por constranger uma mulher em tratamento na maior premiação do cinema, que estava sendo transmitida para todo o planeta; Smith não baixou a guarda e defendeu sua esposa como achou que deveria, principalmente por se tratar de uma reincidência por parte do apresentador. Como julgar? Você não faria o mesmo? Eu certamente faria. Enfim, ambos abusaram de suas autonomias e agora arcam com as responsas de seus atos adultos. Simples.
Para nós, público, sobram reflexões que até já foram propostas à exaustão, mas que nunca ecoaram como deveriam. Por exemplo, o fato de ter muito ser humano lixo que se esconde atrás de uma placa invisível chamada ‘comédia’ para transitar com suas covardias e preconceitos, principalmente contra cidadãos comuns que não têm possibilidade em se defender.
Para parte dos “humoristas”, a parada deve seguir sem limites e o alvo que se dane, pq, se você é humilhado ou tem a honra atingida, as únicas escolhas que a “piada” e a sociedade te dão é: relevar, gostar, absorver e se calar. Primeiro, por não ter uma visibilidade/seguidores/fama que o permita se defender minimamente de igual pra igual; e segundo, por não ter sequer o direito de reclamar, pq aí sacam outra placa para usarem como álibi: a da censura.
A Terceira Lei de Newton diz que ‘toda ação gera uma reação’, e não é o alecrim dourado denominado ‘humor’ que estará imune a isso. Assim como tudo na vida, o extremo e o excesso não são saudáveis, por isso o humor deve sim ter limites. E isso não tem relação com livre expressão, mas sim, com respeito e direito (aquele seu que termina quando começa o meu, saca?)
O ‘fazer rir’ para parte dessa gente, está sempre ligado à “piadas” de cunho sexual, objetificando ou diminuindo a mulher, e também na intenção de atingir negros e/ou minorias, como deficientes, gays, indígenas, nordestinos.
Já reparou que não há espaço ou repertório para outra coisa? É sempre numa ferida aberta, sempre num trauma. Talento no meio para explorar outras mil possibilidades de piadas até existe, mas o interesse, infelizmente não.
Que a moda lançada por Will no Oscar não pegue, mas que gracinhas opressivas como a de Chris sejam realmente afrontadas.