Com essa atual geração paterna mais livre de estereótipos e costumes estruturais bizarros, é possível transbordar tanta, mas tanta liberdade em amar e ser afetuoso, cuidadoso e protetor, que a possibilidade em (mesmo sem querer) essa relação soar sufocante e aos próprios filhos, é um grande desafio ser observado e um consequente problema a ser cortado no toco – tudo para não lhes causar danos de personalidades irreversíveis lá na frente.
Por mais que seja o principal objetivo da jornada, a verdade é que nunca seremos os tão sonhados ‘melhores pais do mundo’ aos nossos herdeiros. Sempre haverá uma lacuna, sempre nos escapulirá uma falha, um exagero, enfim…
Sendo assim, minha boa intenção enquanto emissor (pai) talvez não chegue tão boa assim ao receptor (filho) lá na ponta.
Estou falando do excesso de afeto e cuidado, saca? Este que, na maioria das vezes, não achamos que fará algum mal e, na boa? Cuidado! É uma cilada, Bino.
Com pesos e impactos diferentes, a presença paterna extrema e desmedida pode comprometer o futuro dos filhos tanto quanto sua ausência.
Pretendo esmiuçar mais sobre isso nos próximos dias, exemplificando, inclusive, a relação que nutro com a Laís, minha filha, e o quão tenho tentado me livrar do termo ‘pai sufocante’ (que me autointitulei, infelizmente) visando um futuro mais feliz e livre em todos os aspectos a ela.
Enquanto isso, podemos trocar um pouco?
Diga lá: você se considera um pai (ou mãe) que excede o aspecto de afeto e cuidados, ou é daqueles que consegue tranquilamente dar espaço aos filhos?
(texto de 2021).