Dia desses vi uma revista gigante da editoria de família postando (mais uma) matéria sobre a necessidade de acolhimento para as MÃES na UTI Neonatal. No título mencionava a mãe e, no subtítulo, menor, citava o pai (como uma aparente “menção honrosa”).
GENTE, PAI NÃO É MENÇÃO HONROSA!
Sabe quantos dias eu passei na UTI lutando com minha filha pela vida dela? OITENTA.
E as marcas na alma de guerra que adquiri nesse período, vão me acompanhar por toda a vida. Hoje tenho dificuldades em conseguir uma rede de apoio para me ajudar, pq, para a imprensa, publicidade e sociedade, EU NÃO SENTI DOR. Não tem matéria para se sensibilizar com minha ferida aberta.
E, assim como eu, milhões de homens se doam 200% por suas crias. Por isso TRATEM O PAI COMO PROTAGONISTA. ALIÁS, TRATEM O PAI COMO PAI. QUAL A DIFICULDADE?
Existem homens relapsos? Sim!
MAS PAREM DE GENERALIZAR QUE TODO PAI É RUIM. PAREM DE COLOCAR ISSO NA CABEÇA DAS CRIANÇAS. Além do trauma, vocês, de forma inconsciente, criam MAUS pais também, perpetuando uma mentira que, de tão repetida, se tornou “verdade”.
Já parou pra refletir sobre qual SEU papel para incluir ou excluir o homem da vida do filho ou da filha? Você mais incentiva a presença ou mais segrega a relação?
VEJA BEM…
Toda vez que tu achar o pai incapaz de cuidar ou trocar uma fralda ou dar um banho, e não permitir que ele o faça, VOCÊ está fomentando o abandono paterno.
Toda vez que o pai não é citado em uma matéria sobre parentalidade, criação dos filhos, e tu não cobra o veículo, VOCÊ está fomentando o abandono paterno.
Toda vez que só a mãe é citada como importante no desenvolvimento e criação do filho, e tu acha normal, VOCÊ está fomentando o abandono paterno.
Toda vez que tu dizer ‘a mãe ama mais’ ou achar que ‘a mãe tem mais direitos sobre o filho’, VOCÊ está fomentando o abandono paterno.
Toda vez que você impedir o filho de ver o pai e/ou falar mal do pai pro pequeno, VOCÊ está fomentando o abandono paterno.
Não tire das costas do homem uma responsa que é DELE. Não o prive de mergulhar no universo paterno.
ENTENDA…
A mudança precisa começar de nós, individualmente. Cada um fazendo seu pouquinho. É preciso atenção à responsabilidade social no abandono paterno e em seus impactos em médio/longo prazo.
O homem precisa ter mais consciência sobre sua INDISPENSÁVEL – E INTRANSFERÍVEL – presença paterna, sendo incluído como responsável legal por aquela vida e a respectiva necessidade em doar todo suporte e dignidade necessários para a criança sobreviver e se desenvolver. NÃO ser tratado como ajudante.
Crenças sociais nos colocam numa barca furada e nos afasta da mudança. Vamos transformar isso. Imprensa que especializada em família: atenção à sua parcela de culpa. Melhore!