A meta é: ser um pai respeitoso, presente e afetuoso na infância, para minha filha não aceitar qualquer tipo de pessoa para se relacionar quando for adulta.
É criar minha filha para que tenha por mim um olhar de admiração irrefutável, de forma que enxergue no pai o modelo de ser humano que buscará para dividir seus melhores dias no futuro. É atuar para que ela não aceite menos do que merece e não se deixe levar por sorrisos fabricados que podem colocá-la numa dependência emocional que supere seu amor próprio.
E isso, meu chapa, não é construído com palavras. Isso só entra no coração de uma filha se fomentado com presença, atitudes e bons exemplos.
Nunca levantar o dedo ou ter falas violentas contra a mãe; não sair por aí expondo no bar quem ‘já pegou’ como troféu; não tratar a mulher como objeto, encaminhando vídeos e fotos no Whatsapp; eliminar da cabeça o pensamento escroto de que a mulher nasceu para servir o homem. Enfim… Isso tudo endossa o machismo estrutural que pode, inclusive, se voltar contra sua própria família ou destruir a dos outros.
Desde o primeiro dia de vida, nossas filhas já precisam saber que são mulheres livres e com plena autonomia para dizer sim ou não a qualquer homem. O papel do pai é engrandecer a potência feminina numa disputa por emprego, é motivar a menina numa véspera de vestibular, é ser o ombro masculino no pronto-socorro, e o aplauso orgulhoso na apresentação da escola; é tudo isso, mas é também tangibilizar a importância de sua existência e qual seu insubstituível lugar no mundo, e também desmistificar e expor as características de um relacionamento abusivo ou tóxico (para que ela não apenas saiba identificar e rejeitar, mas também se vigie e não aja dessa forma com o próximo).
E claro, o pai também carrega de fábrica (embora não exerça com a frequência que deveria) a função em ser o “chato” que aponta, julga e desvenda o caráter dos homens, colocando-os num funil que extraia o perfil ideal para de fato merecê-la. Não no sentido de lhe impor, mas de lhe orientar e mostrar caminhos possíveis à felicidade – baseado em experiência, intuição e por ser “apenas” a pessoa que mais a ama no mundo.
Um pai que faz a filha se sentir a mulher mais incrível e poderosa do mundo, não abre espaços para que ela acredite que qualquer homem seja maior ou melhor em algo. E, mesmo diante de uma pressão popular ou confinamento, se essa relação entre pai e filha estiver constituída por pilares de respeito, transparência e afeto genuínos, acredite: o discernimento não se quebrará com facilidade.
Por fim, um pai presente, amável com as mulheres com quem convive, e que cria sua pequena para autonomia em todos os campos possíveis, nunca ficará de cabeça quente com as escolhas que ela fizer quando adulta, pois confia nas decisões que serão tomadas nos mais diversos campos, incluindo o sentimental.