Sempre digo que minha experiência com a paternidade se resume na descoberta do maior amor do mundo. Ter filhos mudou minha forma de enxergar a vida e permitiu que eu descobrisse minha essência, potencializando pontos fortes e despertando reflexões para movimentos que precisavam ser transformados.
Não há um dia que eu não agradeça ao universo por ser pai.
Mas essa é MINHA vivência. Impossível medir a felicidade de alguém com nossa régua, né?
Somos seres únicos e cada um em seu contexto de vida, de infância, de traumas, cultivando os próprios medos e borboletas no estômago. As prioridades e necessidades de uma pessoa, bem como os meios para felicidade de cada uma, varia de acordo com cada jornada, e isso é muito individual.
Aliás, a própria felicidade, em si, é subjetiva. O que te cativa e causa sorrisos inesquecíveis, pode não mexer com o outro; o que torna o outro a pessoa mais feliz do mundo, por vezes sequer lhe faz cócegas. E tá tudo bem!
Com a paternidade e maternidade é exatamente assim. Para uns (como eu), o maior amor do mundo; para outros, ser pai ou mãe pode ser um acontecimento trivial e até mesmo dispensável. Óbvio que me refiro a uma pessoa que NÃO tem filho e, portanto, ainda tem nessa possibilidade algo facultativo. Agora, se colocar uma criança no mundo, aí, meu amigo… é preciso compreender que deixou de ser uma questão de escolha e honrar o presente em todos os sentidos se torna obrigatório.
Por isso, o dizer ‘NÃO’ à paternidade/maternidade pode, muitas vezes, ser um ato altruísta, isto é, um favor à criança que não virá ao mundo para sofrer sem afeto ou o básico para uma sobrevivência digna.
Intrometida como sempre é, a sociedade pressiona:
“Você vai saber o que é amor de verdade quando for pai!”; “Você só será completa ou realizada quando for mãe!”, e “bibibi bobobó…”.
É inerente a todos e todas nós o desejo de compartilhar com o próximo algo que degustamos e tanto nos fez bem. Mas é muito fina a linha que separa o incentivo genuíno da falta de respeito com o espaço alheio.
Uma coisa é desejar ao próximo que se permita desfrutar um sentimento que pra você só trouxe benefícios, outra é ser Invasivo. Muitas vezes, inclusive, não é nem questão de escolha. A impertinência pode levar gatilhos a alguém que talvez não possa ter filhos por uma condição de saúde, por exemplo.
E, se for uma questão de escolha? Ou seja, a pessoa não deseja ter filhos… qual o problema? Na dúvida, para evitar desconfortos e constrangimentos, cale-se. Até, pq, cá entre nós, o que não tem relação direta com nossa existência, não é da nossa conta.