Tite: “Não posso fazer julgamento quando não tenho todos os fatos e todas as informações verdadeiras(…). Posso falar (apenas) conceitualmente. E conceitualmente, todo erro deve ser punido”.
Bravo, Sr. Tite!
Porém, alguém só precisa dizer ao senhor que:
Primeiro: não foi mero erro, foi crime!;
Segundo: se tiver que fazer alguma análise desse caso, que não seja (apenas) conceitual/abstrata. Afinal, a partir do momento que o cidadão é julgado e condenado, tudo deixa de ser questão de opinião e passa a ser fato/concreto.
Ao contrário da justiça brasileira, que não tem qualquer interesse de contribuir com as investigações italianas e segue permitindo ao Robinho que jogue livremente seu futevôlei na praia, a justiça espanhola sim debruçou esforços na busca por provas envolvendo Dani Alves e, portanto, não chegou a uma condenação por acaso. Não se esqueça de que seu ex-lateral mudou de versão cinco vezes ao longo dos meses para tentar se safar ou amenizar a pena.
Precisa mesmo ficar cheio de dedos para comentar algo que já tem veredito? Dê nome às coisas como elas de fato são, Tite.
Ocasionalmente, é preciso deixar a voz mansinha um pouco de lado para elevá-la a uma entonação de seriedade que a situação pede, professor. Não é gritar ou dar “piti”, mas, por meio de falas que soem como exemplo ao universo machista do futebol, mostrar compromisso com a verdade e honrar o tamanho da influência que se tem.
Não que seja, tá? (Até pq o senhor nem precisa disso) Mas zere as interpretações de que esteja dando voltinhas para passar pano e não se comprometer com o “amigo” est******* e os “parças desse amigo”. Observe que sua fala sobre o caso é muito perigosa, porque mesmo diante da condenação de Alves, o paralelo descabido que traçou com o caso Neymar, coloca xeque a denúncia e o sofrimento genuíno da mulher que, inclusive, trocou os holofotes pelo direito a justiça. E como bem sabe, descredibilizar a fala da mulher é característica-chave do machismo estrutural que precisamos combater, concorda?
Repare que o corporativismo nojento que existe entre homens e futebolistas de alto rendimento não permite que qualquer clube repudie, que (Con)Federações se pronunciem, ou que atletas influentes venham a público se mobilizar contrários a atos do tipo.
Por fim, sempre que tiver a oportunidade de usar o microfone para alguma utilidade pública que vá além do 4-4-2, por favor não desperdice. A falta de posicionamento e o excesso de esquiva daqueles que poderiam ser agentes transformadores, são desoladores.