Por ser uma pessoa que ama se expressar por meio de textos, essa imagem da escritora Roseana Murray tendo alta hospitalar 13 dias depois de três pitbulls dilacerarem seu braço direito, me cortou o coração 💔
É claro que a perda dos membros físicos são irreparáveis (ela também teve a orelha extirpada), mas para quem vê nessa habilidade com as letras seu ponto mais forte de contribuição social, é uma dor ainda mais profunda – embora invisível e muito particular.
Você, que me lê, pense no que mais ama fazer na vida e em seguida reflita qual seu principal recurso para colocar essa paixão em prática. Agora, imagine isso sendo tirado violentamente de ti.
É de ficar sem chão, não é?
É como uma cantora ter suas cordas vocais arrancadas.
Quem escreve sabe bem que a caneta representa nossa identidade enquanto cidadãos em vários aspectos: voz, semblante, linguagem corporal, ideologia, valores. É organizando um quebra-cabeça de letras que desaguamos nossas dores, angústias, alegrias, propomos reflexões, inspiramos, educamos, fantasiamos, enfim…
Sem dúvidas o braço compõe nossa ferramenta de criação mais poderosa e que define o que consideramos quase uma missão de vida, sabe?
E não importa se “tem alguém aí” para ler, o papel e a caneta nos bastam. E, ao mesmo tempo que nos preenchem, eles também nos esvaziam.
Infelizmente a #RoseanaMurray pagará o resto da vida pela irresponsabilidade de alguém que provavelmente ficará impune. Um acontecimento completamente evitável e que a meu ver não se configura acidente.
Roseana, podem lhe tirar o que for, só não podem apoderar-se de seu dom, talento e toda linda história que você escreveu – e continuará escrevendo – na literatura.
Receba meu abraço.